O tráfico de pessoas é a 3ª atividade criminosa mais lucrativa do mundo. Entenda como esse crime afeta crianças no Paraná e o que pode ser feito para combater.
Imagine perder alguém que você ama para um crime silencioso, lucrativo e cruel. Essa é a realidade de milhares de famílias ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Em pleno século XXI, o tráfico de pessoas segue ativo – e cada vez mais sofisticado.
Convidei a Dra. Silvia Xavier — coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da SEJUF/PR — para participar de uma audiência pública sobre a exploração sexual e o tráfico de crianças e adolescentes. O Julho Azul nos lembra que essa é uma luta que exige vigilância diária, ações integradas e políticas públicas eficazes. No Brasil e, especialmente, no Paraná, a urgência se intensifica ao sabermos que crianças e adolescentes estão entre os principais alvos dos traficantes.
Um crime global que começa perto de casa
De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o tráfico de pessoas é hoje a terceira atividade criminosa mais lucrativa do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas.
No Brasil, entre 2017 e 2022, foram registrados mais de 3.500 casos de tráfico de pessoas, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública. No entanto, a subnotificação é imensa – especialistas apontam que apenas 1 em cada 100 casos é identificado e denunciado.
O Paraná é uma rota estratégica:
- Fronteiras com países vizinhos (Paraguai e Argentina)
- Portos e rodovias que facilitam o transporte interestadual e internacional
- Cidades turísticas com alta movimentação de pessoas e fragilidade na fiscalização
O tráfico que rouba infâncias
O tráfico de pessoas não é só exploração sexual. Ele inclui trabalho forçado, adoção ilegal, casamentos forçados, mendicância forçada e até retirada de órgãos.
Crianças e adolescentes são os mais vulneráveis.
Muitos são aliciados com promessas de emprego, estudos ou uma “vida melhor”. Outros são vendidos por famílias em extrema vulnerabilidade.
“Não é somente um trabalho do governo esse combate, é da sociedade. Enquanto não falarmos mais sobre isso, levarmos para boas discussões como a desta tribuna, nada mudará”
— afirma a coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas Dra Silvia Xavier, da SEJUF.
Sinais de alerta – você pode salvar uma vida:
- Crianças fora da escola em situação de rua ou trabalho irregular
- Movimentações suspeitas de adultos com menores em terminais e rodoviárias
- Anúncios de adoção informal ou empregos mirabolantes para jovens
- Falta de documentos ou histórico escolar de menores recém-chegados
E no Paraná? O que está sendo feito?
O Estado ainda enfrenta desafios na detecção de casos. Mas já conta com:
- O Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP)
- Grupos de trabalho intersetoriais entre segurança pública, saúde e assistência social
- Ações em aeroportos e fronteiras durante o Julho Azul
Mas ainda é pouco. Precisamos de mais:
✔ Capacitação contínua de profissionais da educação e saúde
✔ Campanhas permanentes de conscientização
✔ Fortalecimento do sistema de proteção à infância e juventude
✔ Aumento da fiscalização em áreas de risco
Como você pode ajudar?
- Denuncie: Disque 100 ou 180
- Fique atento: nem todo desaparecimento é fuga – pode ser tráfico
- Compartilhe informações: conhecimento salva vidas
- Pressione por políticas públicas e leis mais duras contra exploradores
E agora, quem cuida dos invisíveis?
Quantas crianças e adolescentes estão sendo levadas agora, enquanto você lê este texto?
Quantas poderiam ser salvas se ao menos uma pessoa prestasse atenção?
No combate ao tráfico de pessoas, a sua atenção pode ser a linha entre a escravidão e a liberdade.
Foto: CMC
