O Movimento “Felca”

Segundo o Tic Kids Online Brasil 2023/2024, 60% das crianças de 9 a 10 anos têm conta em pelo menos uma plataforma, apesar da proibição para menores de 13 anos.

Mas o que o efeito do vídeo do influenciador Felca mostra? Há anos falo sobre o que está por trás de um “sistema” absurdo que envolve nossas crianças e adolescentes no Brasil.

Hoje, 88% das crianças e adolescentes no Brasil já estão nas redes sociais. O problema? A internet está empurrando padrões adultos para quem ainda é criança. De acordo com a psicóloga Ana Beatriz Chamat, especialista em infância, adolescência e parentalidade, a criança em desenvolvimento precisa aprender a diferença entre o que é público e o que é privado.
Quando ela é exposta a conteúdos feitos para adultos, essa barreira se rompe — e o resultado é um impacto direto na formação da identidade.

Essa exposição precoce é o que chamamos de adultização infantil: quando padrões estéticos, comportamentais e até sexuais de adultos são impostos a crianças.
Hoje, muitas já usam a sexualidade como forma de comunicação — e, em alguns casos, com aprovação dos próprios pais. Mas que tipo de público isso atrai?
A resposta é dura: o Brasil está entre os cinco países que mais denunciam abuso sexual infantil na internet. só em 2024, foram mais de 657 mil denúncias ao disque 100.

Uma pesquisa da Childfund Brasil mostrou que 54% dos adolescentes já sofreram violência sexual on-line. E na nossa cidade, Curitiba, os conselhos tutelares atenderam mais de 76 mil casos de violações de direitos só no ano passado.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria e a OMS (Organização Mundial da Saúde):

• 0 a 2 anos: nada de telas.
  
• 2 a 5 anos: até 1 hora por dia, sempre com supervisão de adultos responsáveis.
  
• a partir de 6 anos: no máximo 2 horas por dia sempre com supervisão de adultos responsáveis,
  mas a realidade é que muitos estão conectados 12 a 13 horas diárias.

Algumas das preocupações que precisamos ter:

Grupos em apps de mensagem seguem ativos. A SaferNet identificou >1,25 milhão de usuários em grupos/canais com material de abuso infantil no Telegram (dado de 2024).

O Congresso discute regras contra a adultização nas redes e a responsabilização das plataformas. É hora de acelerar. É hora da pressão popular sobre a temática!

A proteção da infância é responsabilidade de todos — famílias, escolas, mídia e poder público.

Viu algo suspeito?
Ligue disque 100.
No Paraná, denuncie ao NUCIBER: (41) 3304-6800.

Vamos impedir que a internet roube o direito das nossas crianças de serem… crianças.