Saúde mental infantil: meu projeto de lei que propõe rodas de conversa nas escolas de Curitiba

Eu como vereadora de Curitiba proponho um programa de rodas de conversa quinzenais para prevenir doenças mentais em crianças nas escolas municipais. Entenda por quê.

Quando a escola também cuida do que não se vê

Tristeza constante, falta de motivação, crises de ansiedade, dificuldades de aprendizagem, comportamento agressivo ou apatia total. Esses sintomas têm se tornado cada vez mais comuns entre crianças em idade escolar — e muitos deles são ignorados, confundidos ou tratados com indiferença.

A saúde mental infantil é urgente. E não pode mais ser ignorada.

Pensando nisso, propus o projeto de lei nº 005.00048.2024, que institui o Programa de Rodas de Conversa nas Escolas Municipais de Curitiba, com foco na prevenção de doenças mentais na infância.

Por que isso é tão importante?

Estudos pós-pandemia mostram que de 7% a 20% da população infantil brasileira pode apresentar algum tipo de transtorno mental, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Pediatria e fontes como Nova Escola.

Entre as causas mais comuns estão:

  • Bullying e cyberbullying
  • Uso excessivo de telas
  • Abuso sexual e violências
  • Cobrança excessiva
  • Falta de afeto, escuta e acolhimento emocional

E o mais grave: muitas crianças não conseguem expressar o que sentem. Elas sofrem caladas, desenvolvendo culpa, medo, solidão e retraimento.

O que propõe o projeto de lei?

A proposta é simples, eficaz e de baixo custo:
-Realizar rodas de conversa quinzenais nas escolas municipais
-Conduzidas pela equipe pedagógica, com suporte lúdico e emocional
-Abertas à participação de profissionais da saúde mental (psicólogos, terapeutas, pedagogos), inclusive da rede conveniada ou da sociedade civil

Essas rodas de conversa fazem parte da metodologia da Terapia Comunitária Integrativa (TCI) — espaços seguros e respeitosos onde a criança é convidada a falar sobre o que sente, sem julgamento, com acolhimento.

O papel da escola vai além do ensino

A escola é, muitas vezes, o único lugar onde a criança pode ser vista de verdade. Professores e educadores estão entre os primeiros a perceber quando algo não vai bem — mas precisam ser preparados e fortalecidos para agir.

Como identificar sinais de alerta?

  • Queda no rendimento escolar
  • Tristeza ou irritabilidade constantes
  • Timidez extrema ou isolamento
  • Nervosismo frequente sem causa aparente
  • Apatia, desinteresse, ausência de prazer
  • Faltas frequentes ou evasão escolar

Esses sintomas não podem ser ignorados ou tratados como “frescura”. Eles podem ser pedidos de socorro.

Proteção integral começa com escuta ativa

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é claro: toda criança tem direito ao desenvolvimento mental e emocional em condições de dignidade.

É dever da família, da escola, da comunidade e do poder público criar ambientes seguros para isso. As rodas de conversa podem ser esse espaço — onde uma criança aprende que tem valor, que pode confiar, e que não está sozinha.

E mais: o programa não gera impacto financeiro, pois aproveita a estrutura já existente das escolas e da rede conveniada. É um investimento preventivo com retorno social incalculável.

Reflita comigo: o que acontece quando ninguém escuta uma criança?

Quantos transtornos poderiam ser evitados se uma criança tivesse sido ouvida na hora certa?
Quantas histórias de dor se transformariam em caminhos de superação, se houvesse espaço para a escuta e para o cuidado?

Você acha que é possível aprender de verdade quando a mente está em sofrimento?
Se cuidamos da alimentação e do conteúdo, por que não cuidar também das emoções?

2 comentários

  1. Acho perfeito esse trabalho nas escolas. Meu filho pós pandemia, ficou depressivo e ansioso demais, e isso afeta muito todo o processo de aprendizagem e de desenvolvimento geral da criança. E foi com a ajuda da escola e profissionais especializados que conseguimos reverter esses problemas.
    Seria perfeito ter isse trabalho nas escolas municipais.
    Parabéns Vereadora.

    • Exatamente, na pandemia vimos esse quadro só aumentar e não parou mais. Obrigada por estar por aqui e compartilhar sua experiência conosco!

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