O silêncio que machuca: violência sexual infantil precisa ser pauta de todos

O Paraná registrou mais de 3 mil casos de abuso sexual contra crianças em 2023. Entenda como proteger, identificar sinais e romper o ciclo do silêncio.

Quando o lar, que deveria ser abrigo, se torna cenário de dor

Imagine um lugar onde uma criança deveria se sentir segura: sua casa, seu convívio familiar. Agora imagine que, para milhares de crianças, esse lugar se transforma no palco do pior dos crimes: o abuso sexual.

Esse é um crime que não deixa marcas visíveis, mas dilacera por dentro. E o mais cruel: ele vive protegido pelo silêncio, pela vergonha e pelo medo.

Os números que escancaram a urgência

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, através do Disque 100, revelou que, em 2023, o Paraná teve mais de 3.200 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes.

Mas o dado mais assustador é este: a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que apenas 10% dos casos chegam a ser denunciados. Ou seja, para cada denúncia, podem existir 9 casos escondidos no silêncio.

O ciclo do silêncio: como ele se mantém?

  • Medo: a criança é ameaçada.
  • Vergonha: ela sente que fez algo errado, embora não tenha feito.
  • Negação da família: muitas vezes, quando a criança rompe o silêncio, não é acreditada.
  • Falta de informação: nem sempre os sinais são compreendidos por quem deveria protegê-la.

A psicóloga e pesquisadora Vera Iaconelli define:

“O abuso não destrói apenas a infância, ele rouba a possibilidade de uma vida inteira ser plena.”

Sinais que precisam ser levados a sério:

  • Mudanças bruscas de comportamento (agressividade, tristeza, isolamento)
  • Distúrbios no sono ou na alimentação
  • Comportamentos regressivos (voltar a urinar na cama, chupar dedo)
  • Conhecimento sexual incompatível com a idade
  • Dificuldade de aprendizagem repentina
  • Desenhos ou falas que indicam situações abusivas

O que fazer? Como proteger?

Acredite na criança. Sempre.
Denuncie: Disque 100, Conselho Tutelar ou Delegacia da Criança e do Adolescente.
Ensine proteção: converse sobre partes íntimas, consentimento e confiança.
Rompa o ciclo do silêncio: fale sobre o tema nas escolas, igrejas, grupos comunitários e em casa.

Política pública é proteção!

É urgente fortalecer:

A rede de proteção: Conselhos Tutelares, CRAS, CREAS, Delegacias Especializadas.

Programas de prevenção nas escolas.

A capacitação de professores, agentes comunitários e profissionais de saúde.

Leis que endureçam as penas e garantam prioridade no atendimento às vítimas.

Reflexão que não pode ser ignorada:

Quantas crianças próximas de você podem estar gritando em silêncio?
O que você tem feito para que esse crime deixe de ser um tabu e passe a ser uma pauta diária em nossa sociedade?

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